Wednesday, December 21, 2011

MCK no país do pai banana, by Rafael Marques

Gosto muito do Rafael Marques, não só pela sua coragem, "balls of steel", e "cojones", mas também pela sua forma de escrever e pela sua suprema dedicação na luta contra a injustiça extrema que grassa a sociedade angolana. Já não o vejo a anos (a última vez que ele me viu eu era criança, puto mesmo) mas nunca parei de acompanhar as suas diversas escritas e investigações. Agora com o site do Maka Angola tem se tornado ainda mais fácil. E foi com muito agrado que li a sua última crónica, relacionada com um artista que ambos adoramos: o MCK. Já escrevi aqui neste espaço sobre o seu resurgimento, mas não é todos os dias que o Rafael Marques faz uma crítica musical. Por isso, ponho aqui o mesmo texto que ele escreveu no seu site, com duas músicas do "Proíbido Ouvir Isso" no fim. O texto chama-se "MCK no país do pai banana" e vale muito a pena ler. Sem mais rodeios:

Em 2003, MCK, então com 22 anos, conferiu ao movimento rap em Angola extraordinária notabilidade política e social, em parte devido a uma intervenção assassina da guarda pretoriana do presidente José Eduardo dos Santos.
A 26 de Novembro do mesmo ano, soldados da guarda presidencial amarraram e arrastaram o lavador de carros Arsénio Sebastião “Cherokee”, 27 anos, para a água, no embarcadouro do Mussulo, em Luanda. Afogaram-no, ignorando os pedidos de clemência da multidão que circulava pelo local.

Que crime Cherokee teria cometido para merecer execução pública e sumária.

Os efectivos da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) surpreenderam Cherokee a cantarolar “A Téknika, as Kausas e as Konsekuências” de MCK, também conhecida como o “Sei Lá o Quê, Uáué”, uma crítica acintosa ao governo de Dos Santos. Mataram-no imediatamente para que servisse de lição a todos.

O álbum de MCK era uma produção improvisada, clandestina (underground), distribuída por vendedores ambulantes. Os candongueiros, que fazem circular o povo por esta cidade de engarrafamentos intermináveis, amplificavam a curiosidade sobre o álbum pela regularidade com que tocavam a música para que os passageiros ganhassem consciência social através da música. É também nesta cidade de Luanda, onde a maioria não tem emprego formal e dedica tempo bastante para lamentar as suas malambas, que MCK tomou a dianteira em atacar os inqualificáveis abusos de poder como causas do mal-estar da sociedade. O artista rimava também contra o espírito de corrupção dos próprios cidadãos que preferiam adular os mesmos líderes políticos que os têm sujeitado à opressão, à miséria e à falta de educação, em troca do sonho de uma vida fácil. Este continua a ser o pesadelo da sociedade angolana.

Passados oito anos, “Proibido Ouvir Isto” é a nova proposta discográfica de MCK, com 15 faixas. Um trabalho mais estilizado e amadurecido, com líricas mais polidas e o mesmo espírito de revolta social. Diplomado nos meandros da sobrevivência social, MCK narra, através da batida, três elementos fundamentais da realidade actual: aA corrosão dos valores morais na busca obsessiva de dinheiro; o abuso de poder e de confiança e a falta de visão comum sobre o destino do país.

Em dueto com Paulo Flores, MCK interpreta uma nova versão de “Nzala” (fome), de Elias dya Kimuezo, que combina acústica, violino e a fala rapper, numa ode à criança com fome. É uma mensagem de amor, um apelo à solidariedade para com as crianças desta imensa Angola que precisam tanto de um pão como de uma mão cheia de afecto.

Numa outra faixa, com Bruno M, MCK revisita o drama da juventude dos musseques para quem o crime parece ser das poucas opções de realização na vida. É uma viagem pelas transformações ideológicas e da economia política angolana, pelos sistemas prisional e de justiça que discriminam e desumanizam os excluídos da sociedade. MCK denuncia também a manipulação da realidade angolana: “Biografias apagadas/ Jornalistas comprados/ E ai daqueles que se atreverem a enfrentar o mercenarismo político/ Mas ai de mim se não viver como um verdadeiro crítico deste cenário político/(…) Sacrifica-se a maioria pelos caprichos de uma minoria (…)”.

Na faixa “O País do Pai Banana” MCK ataca quem se empoleira “eternamente” no poder e já sem discernimento para gerir a realidade: “Também quero a paz no prato, dignidade e paz no prato./ Prefiro morrer a tiro do que morrer a fome, irmãos./ A disparidade é enorme, vivemos presos nesta armadilha, condenados a sermos escravos de três famílias./ Tudo é deles, do Talatona à Ilha, os diamantes são deles, o petróleo é deles, a imobilária é deles/ (…) para nós só temos o Zango e o Panguila./ O patrão é o colono, na terra do pai banana”.

MCK compõe, assim, o seu ritmo contra o novo-riquismo emergente dos actos de rapina e pilhagem dos recursos do Estado, que definem o modo de governação e o estilo de vida das famílias reinantes. Insurge-se contra a mentalidade neo-colonial e de claro desprezo para com o sofrimento do povo que anima a acção e o obsessivo apego ao poder por parte destas famílias. Este, afinal, será o legado de três décadas de reinado, trágico, do nosso “Pai Banana”. O músico profere a sua sentença: “Só temos uma opção/ Ou acabamos com a corrupção/ Ou a corrupção acaba connosco/ No país do Pai Banana.”

Numa infusão de reggae, o Ikonoklasta (também conhecido por Brigadeiro Mata Frakuz, ou simplesmente Luaty Beirão) e o MCK produzem, na opinião do autor, a melhor faixa do álbum, e a mais corrosiva das líricas (“A Bala Dói”). Luaty Beirão tem sido um dos principais impulsionadores dos protestos de rua contra o regime de José Eduardo dos Santos e uma das principais vítimas da sua brutalidade. É também a manifesta consciência de um jovem da classe dominante que troca o conforto do sistema para se juntar aos seus companheiros mais desfavorecidos. Fá-lo em irmandade e comunhão de ideais por uma Angola melhor e mais justa. O pai de Luaty, João Beirão, foi um dos mais próximos colaboradores do Presidente nos anos 90 e seguintes, na qualidade de director-geral da então poderosa Fundação Eduardo dos Santos (FESA).

“Sempre nos prometem comida/ Mas só nos dão porrada/ Nosso estômago até já grita/ Mas eles têm babas que cospem balas e a bala dói/ A bala bói, a bala dói [refrão] (…) /Palavras estão ‘bora minadas/ Esperança ficou mortelada [mutilada]”. Os jovens, com bom senso de humor, enquadram e desmontam o famoso discurso do Presidente em que não assume qualquer responsabilidade pela crescente pobreza em Angola porque, dizia José Eduardo dos Santos: “Quando nasci, já havia pobreza.” MCK lembra, assim, porquê esses “Tigres de papel sentem medo do Luaty”.

Em “Vida no Avesso”, MCK relata os paradoxos da política angolana e o desespero de muitos que acreditam apenas em uma intervenção divina para que o falso santo e a sua seita de malfeitores sejam “excomungados” da consciência nacional e devolvam a liberdade ao povo. “A chuva tem estatuto e mais garra que a oposição/ Desmascara as burlas das obras de um milhão (…)/ Jesus Cristo volta já/ Teu povo está a chorar (…)/

Com este disco, MCK retoma o seu lugar cimeiro como um dos artistas da mudança de mentalidade e da formação de uma nova consciência social em Angola.
A Bala Doi
O País do Pai Banana

6tacool by Coca o FSM: O Ano Q Vem

This one is something special. When Coca released Apaixonado Jovem back in October I mentioned it was my favorite yet...I figured I might as well stop making such statements since O Ano Q Vem is as enticing if not more. Music for the soul. I felt it deep. The tempo, Coca's delivery, the backing vocals...it's exciting to see him move from strength to strength and consistently churn out songs of this caliber from week to week. Click below to get a taste of baby-making soul music made in Angola.

Esta é especial. Tira-me do sério. Quando o Coca lançou Apaixonado Jovem, em Outubro, mencionei que era a minha preferida até então. Decidi que vou parar de fazer este tipo de pronunciamentos porque O Ano Q Vem é tão boa senão melhor. Alimento pr'alma, senti-a no fundo. O ritmo, o feeling, sente-se que o cantor ama a arte e sabe o que faz. Tem sido bastante interessante ver, ou melhor, ouvir o Coca a melhorar cada vez mais, consistentemente produzindo música desta qualidade. Clica acima para sentires soul music made in Angola. 

Tuesday, December 20, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: Good Guy, by SupaSound

For a long time I'd listen to this song in the early morning to help me wake up. It reminds me of the good times I spent in Cape Town and the friendships I made there, including this one with Amarildo, also known as SupaSound, and his brother, who also raps. They're among the very few Mozambicans I can call friends. I'm glad to be finally able to share this video with you now that it's complete, since I've been itching to post it for quite awhile but unfortunately had an incomplete version. I'll leave you with Good Guy by SupaSound...maybe you'll even relate to the lyrics.

Durante muito tempo ouvia essa música para me acordar, logo pela manhã. Faz me lembrar dos bons tempos que passei em Cape Town e das amizades que fiz por lá, incluindo esta com o Amarildo, também conhecido como SupaSound, e o seu irmão, que também é rapper. São dos poucos amigos moçambicanos que tenho. Fico feliz por finalmente poder partilhar este vídeo com vocês, porque já o tenho a bastante tempo e estava só à espera que os manos fizessem os arranjos finais! Fiquem então com Good Guy, by SupaSound. Talvez até concordam com a letra... 

Monday, December 19, 2011

Clave Bantu, by Aline Frazão

There are not many Angolan singers quite like Aline Frazão. Turn on the radio in Luanda or Lubango or Benguela on any given day and you’re hard pressed to hear anything quite like her. She’s one of the country’s most unique talents and her debut solo album, Clave Bantu, further cements her position as one of Angola’s most exciting musicians. Some weeks ago she asked me what I thought about the album so far. This is what I emailed her:

“…I’ve heard Clave Bantu some six times from start to finish, including on my bus trip from New York to Washington where I listened to it at high volume and felt as if I was attending an intimate live music performance. I’ve let it marinate in my ear drums for some time now. One of the first things that came to mind was the thought: 'so now we have our own Sara Tavares.' It’s beautiful, very much so, and it’s also very much yours. It has your stamp on it. I think you’ve found your voice. Now I can listen to a song and say, ah, this is Aline. Compared with other CDs you’ve done (A Minha Embala), this one is in a different league. The production is well done and the sound is more professional. Some of your earlier songs are dressed differently on this album…Primeiro Mundo is very nice, emotional. It’s currently my favorite. I preferred the original Babel in some parts. Oriente is another one I love, as is Ceu da tua Boca…


Anyways, I’m listening to the album again now…”

When I interviewed Aline back in the earlier days of this blog she had mentioned that she wasn’t planning on ever releasing an album. I’m extremely pleased she has changed her mind, and I’m sure I share that sentiment with her many fans, in Angola, Brazil, Portugal, Spain, Argentina, and elsewhere. I’m also very proud of the way she did it, keeping full control over all aspects of the album production and doing it all on her own terms, independently. The end product is an album that is every inch Aline, in substance and in feeling.

Clave Bantu has 11 tracks; below you’ll find some of the album’s standout tracks, namely Primeiro Mundo, Oriente and Amanheceu. Both Jose Eduardo Agualusa and Ondjaki, two heavyweights of Angolan literature, contributed to two songs; Amanheceu, featured below, was written by Ondjaki (Agualusa wrote ‘O Ceu da Tua Boca’). The rest of the album was written by Aline, who proves not only to be an excellent songstress but also a wordsmith in the making. Jose Manuel Díaz, from Cuba, and Carlos Freire, from Galicia, contributed on bass and percussion, respectively. Listen to the tracks below to get a sampling of the album’s unique blend of acoustic afro-jazz with bossa influences.

Primeiro Mundo
Oriente
Amanheceu

Creio não existir, no panorama musical angolano, uma cantora tal como a Aline Frazão. Quando ligamos a rádio em Luanda, ou Lubango, ou Benguela, é difícil escutarmos música como esta, feita mesmo por uma filha cá de casa. É uma das vozes mais únicas da banda e o seu primeiro álbum à solo, Clave Bantu, só veio cimentar a sua posição como um dos talentos angolanos mais emocionates destes últimos tempos. Algumas semans atrás ela perguntou-me como estava a gostar do álbum. Foi essa a minha resposta por email, escrita ao som do disco em questão:

“Epa, já ouvi a Clave Bantu umas seis vezes do princípio ao fim, inclusive em alto e bom som na minha viagem de autocarro de New York para Washington, como se fosse um concerto intimista. Já o deixei temperar nos meus tímpanos um bom bocado. Das primeiras coisas que me veio a cabeça foi o pensamento: 'afinal já temos a nossa Sara Tavares.' Está lindo, lindo mesmo, e com um som e um 'feeling' muito teu, uma forma de cantar muito tua. Já tens a tua marca, creio. Já posso ouvir uma música e dizer, ah esta é a Aline. Comparando com as outras obras que lançaste (A minha embala) este está noutro campeonato. Os arranjos estão bem feitos e o som é profissional. Algumas das músicas que já conheço têm aqui uma outra roupagem...Primeiro Mundo está muito nice, emotivo. Neste momento é a minha preferida. Com a Babel talvez preferia a versão mais antiga em algumas partes. Oriente é outra das que amei, bem como Ceu da tua boca.


Enfim, estou a tocar o álbum outra vez agora...”

Quando entrevistei a Aline nos primeiros tempos deste blogue, ela tinha mencionado que não tencionava lançar um álbum próprio. Tal como eu, os seus fãs em Angola, Brasil, Portugal, Espanha, Argentina e por aí me diante estão extremamente felizes que ela mudou de ideias. Os seus ouvidos agradecem, as suas almas também. Sinto-me também orgulhoso dela porque não só lançou álbum, mas fê-lo a sua maneira: manteve o controlo total de todos os aspectos relacionados com o álbum e lançou-o de forma independente. O produto final é um álbum que é todo ele Aline, em substância e em feeling.

O disco tem 11 faixas; acima pode encontrar alguns dos temas mais brilhantes do disco, incluindo Primeiro Mundo, Oriente e Amanheceu. Tanto o José Eduardo Agualusa e o Ondjaki, dois nomes sonantes da literatura angolana, escreveram uma letra cada para o álbum; ‘Amanheceu’ é da autoria do Ondjaki e Agualusa escreveu ‘O Ceu da tua Boca’. O resto do álbum foi escrito pela Aline, que para além de ser uma excelente cantora também já dá mostras de ser boa escritora. A banda é composta pelo Jose Manuel Díaz, cubano, e Carlos Freire, galego, na percurssão. Oiça as músicas acima para ter uma ideia do aroma afro-jazz/bossa que traz o disco.

Clave Bantu on iTunes
alinefrazao.com
Como comprar Clave Bantu onde quer que esteje // How to buy Clave Bantu wherever your are

Saturday, December 17, 2011

Obrigado, Cesária.

Photo by Rosa Paolicelli

Friday, December 16, 2011

Paulo Flores | Boda | Luanda, 17 de Dezembro 2011

Late Nite Lounge Vol. 40: Tamba, by Y'akoto

Photo by Cláudio Lwakuti
I found out about Y'akoto through a post on Luanda Jazz Festival's Facebook page. It was love at first listen, as soon as she started crooning into the microphone. Jesus. That voice...her accent is glorious, her delivery is unique, her demeanor drips soul and class. It's that type of throaty cadence that I love. Y'akoto is a half German, half Ghanaian chanteuse that reminds me of Mayra Andrade in that both have lived and traveled extensively throughout West Africa and Western Europe, and both possess the type of voice that I find myself drawn to on late nights such as this one. This song in particular talks about the plight of child soldiers in my continent. There's not much out on Y'akoto, especially on this side of the Atlantic, but this woman is one to keep an eye on. I mean, an ear on.



Tamba

Soube desta beleza que é a Y'akoto por causa de um post na página Facebook do Luanda International Jazz Festival. Foi amor à primeira escuta. Jesus. Aquela voz...o sotaque dela é d'outro mundo, a maneira dela de cantar é fenomenal, toda sua forma de ser denota soul e classe. É aquele tipo de falar ofegante que eu adoro. A Y'akoto é uma cantora metade alemã e metade ganêsa que faz me lembrar da Mayra Andrade, já que as duas passaram grande parte das suas vidas a viver e a viajar extensivamente pela África ocidental e a Europa. E as duas detêm aquele tipo de voz que adoro ouvir em madrugadas como esta. Este som, Tamba, fala do inferno que é ser criança-soldado no meu continente. Por estas bandas não existe lá muita coisa sobre a Y'akoto, mas esta é uma mulher que vale a pena estar de olho. Quer dizer, de ouvido.

Y'akoto

Primeiro Podcast Zarpante

Photo by Cláudio Lwakuti
Last week our partners Zarpante released their first podcast. It's a collection of quality, alternative Lusophone music, and contains a familiar voice or two...watch out for Leonardo Wawuti, Coca o FSM, and other gems. Happy listening.

Zarpante 01 by Zarpante Lda

A semana passada os nossos parceiros do Zarpante lançaram o seu primeiro podcast. É uma colecção de música lusófona alternativa de qualidade, e talvez vão reconhecer uma voz ou outra. Destaque para o Leonardo Wawuti, Coca o FSM, e outros talentos. Feliz escuta.

-Photo by Cláudio Lwakuti

Paulo Flores | Boda | Luanda, 17 de Dezembro 2011

Clave Bantu...

Only Aline to shake me out of this rut. I wanted to post this song when it came out, as the first single of Aline's new album. But as you've probably noticed, posts have been hard to come by on this space. There are many candidates at which to assign all culpability: this incredible city of New York, the new job, other side projects...but exposure to fascinating lusophone music is not one of them. And Aline's new CD, Clave Bantu, is a testament to that. I've been listening to it since before it came out (maintaining this site has its special privileges!) and I haven't grown tired of it. For now I'll leave you with Clave Bantu, and in case you don't already have the CD it will leave you wanting more. The album review is coming soon, so watch this space.

Clave Bantu

Só mesmo a Aline para me tirar desta preguiça. Quiz postar este som logo quando saiu como primeiro single do novo álbum da Aline. Mas como provavelmente já devem ter notado, tem sido difícil encontrar posts novos por estas bandas. Candidatos a quem atirar as culpas são muitos: esta incrível cidade de Nova Iorque, o emprego novo, outros projectos...mas a falta de música lusófona de qualidade não é um dos candidatos. E o novo CD da Aline, Clave Bantu, é prova disso. Tenho escutado este CD desde mesmo antes do seu lançamento (escrever este blogue tem os seus privilégios!) e continuo a fazer-lo. Por agora vos deixo com Clave Bantu, a música. Para vocês que ainda não têm o álbum, que nem devem ser muitos, esta música vai vos deixar com água na boca. Os meus pensamentos acerca do disco virão em breve, prometo!

Saturday, December 10, 2011

Wednesday, December 7, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: 340ml on CNN



One of the Lounge's favorite bands was featured on CNN's Inside Africa program. // Uma das bandas favoritas do Lounge foi perfilada no programa Inside Africa, da CNN.

Saturday, November 19, 2011

6tacool by Coca o FSM: So Sou Faray Ninguem Acreditou

This one's among the top three 6tacool jams by Coca so far. I've been playing it all week. What a surprise to hear him show off his rapping skills. Very well done, Coca. So Sou Faray is a jam for the late night.

So Sou Faray Ninguem Acreditou

Este som está entre os melhores dos que já ouvimos aqui feitos pelo Coca. Tenho tocado este brinde toda semana. Não sabia que o mano Coca tinha uma veia de rapper, mas deixou-a aqui bem patente. Granda som, este. Gostei.

Friday, November 18, 2011

Dor de Mar, by Tcheka

Cape Verde's most exciting musicians have traditionally been women. It is simply impossible to talk about the country's musical contribution without mentioning names such as Cesária Évora immediately after you mention the words "Cape Verdean music." Brilliant talents such as Sara TavaresMayra AndradeLura, Carmen SouzaNancy VieiraMaria de Barros, and more, have kept Cesária's legacy alive and well. But the country also boasts some excellent male musicians, chief among them the inimitable and unequaled Bana, whose musical career spanned over 60 years.

Over the past 8 years, however, another male talent from the culturally rich archipelago of Cape Verde has garnered more and more respect and acclaim for the quality of his compositions and his music. Tcheka, as Manuel Lopes Andrade is known, has emerged to become one of Cape Verde's best male singers, and currently my favorite. His musical strength has grown from album to album, and his newest piece of work, Dor de Mar, cements his position as the premier ambassador of Cape Verdean batuque music.

Dor de Mar is full of beautiful melodies infused with the impressive range of Tcheka's voice. The rhythms are emotionally evocative of his homeland and the lyrics detail the daily reality of his countrymen and women. It's one of those albums that's meant to be played from start to finish on a quiet afternoon or evening, an album that will momentarily make you forget whatever you're doing as you pay more and more attention to the music. Among the album's standout tracks are the opener, Kriadu Assim, as well as Antuneku and Fla Mantenha.

Kriadu Assim
Antuneku
Fla Mantenha

Tradicionalmente, os músicos mais conhecidos de Cabo Verde têm sido mulheres. É simplesmente impossível falar de música caboverdeana sem pronunciar o nome da Cesária Évora na mesma frase. Telentos brilhantes como a Sara TavaresMayra AndradeLuraCarmen SouzaNancy VieiraMaria de Barros, têm sabido manter acesa a chama e o legado da diva dos pés descalços. Mas o país também criou varios filhos que conseguiram levar a sua música além fronteiras, principalmente o inegualável e inimitável Bana, cuja carreira durou mais que 60 anos.

Durante os últimos anos, um outro talento masculino do culturalmente rico arquipelago de Cabo Verde tem dado nas vistas pela qualidade sonora das suas composições e as letras emotivas das suas músicas. Tcheka, que também responde pelo nome Manuel Lopes Andrade, tem se tornado um dos melhores músicos do país, e neste momento é o meu preferido. Tem sabido ser melhor a cada disco que lança, e o seu trabalho mais novo, o Dor de Mar, fortalece a sua posição como o principal embaixador do batuque, um dos estilos de músicas próprios de Cabo Verde.

Dor de Mar está repleto de lindas melodias infundidas com a variedade distinta da voz do Tcheka. Os ritmos fazem lembrar o mar e as suas letras vislumbram a sua realidade e a realidade dos seus conterrâneos. É um daqueles álbuns que sabe bem tocado do príncipio ao fim tarde de fim de semana ou uma noite calma; um álbum que por vários e demorados instantes faz-nos esquecer o que estamos a fazer, faz-nos focalizar só mesmo na música e nada mais. Entre as melhores canções estão a primeira do álbum, Kriadu Assim, bem como Antuneku e Fla Mantenha.

Caipirinha Lounge Cinema: Passa, Dribla, Chuta, Marca Um Golo Sonhador

Passa, Dribla, Chuta, Marca Um Golo Sonhador from Ras Kitchen Film on Vimeo.

Uma entrevista feita pela Ras Kitchen Film a um dos meus músicos preferidos.

Ras Kitchen Films interviews one of my favorite musicians.

Thursday, November 17, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: Clave Bantu, por Aline Frazão

Clave Bantu_Aline Frazão from xavier belho on Vimeo.

O Rosto de Deus: Uma exposição de Daniela Ribeiro

A não perder, leitores em Luanda:

Estórias de Amor para Meninos de Cor, por Kalaf Ângelo

Estará a venda amanhã em Portugal. Quero muito uma cópia. Segue o convite:

Tuesday, November 15, 2011

6tacool by Coca o FSM: Sem Massada, feat. Prince Wadada

Prince Wadada's ragga style meet Coca's soulful beats. I think it's the first collaboration between these two Angolan artists. Have a listen:

Sem Massada

O estilo ragga do Prince Wadada com os soul beats do Coca. Acho que é a primeira vez que estes dois artistas colaboram. Disse assim o Coca:

"He heyyy!! Hoje é sexta e como sempre dou um coxe de soul de borla...esta semana bumbei com o mo Faray...Prince Wadada que escreveu um som cheio de alma...eu acho que ta uma grande malha para relaxar com uns avilos a beber uma Cuca ou...um chazinho...sei la, vocês escolhem...
Boa sexta 
Coca o FSM"

Bom, neste caso terça-feira já que o Lounge se atrasou, mas não há makas, porque aqui 6tacool bumba sempre. Vem aí em breve mais dois brindes do Coca esta semana, para o Lounge estar finalmente up-to-date.

Monday, November 14, 2011

Late Nite Lounge Vol. 39: End Come Too Soon, by Wild Beasts

Wild Beasts, by birrooo
Smother is Wild Beast's third studio album and their first hat I've had contact with, courtesy of this Massalo Photography post. I was impressed with Albatross enough to want to know more about the English band that created it, and thus got my hands (and ears) on their latest musical offering. If I thought Albatross was immense, that was before I heard the album closer, End Come Too Soon. I was on an Amtrak train heading back to NYC when this beautiful song came on on my iPod; at 7:33 it's the longest song on the album and arguably its best. I found myself comparing it to Your Hand in Mine by Explosions in the Sky, a song of similar structure and beauty. For 7:33, while the train sped by and the sky was black somewhere over New Jersey, I sat enthralled, conscious of traveling in two simultaneous trips, not only on the train but also within the song. End Come Too Soon is like that. It's the type of song in which the musicians are completely aware that they're toying with us and our aural sensibilities. For those 7:33 my train ride was transformed.

End Come Too Soon

Smother é o terceiro álbum dos Wild Beasts e o primeiro com o qual tive contacto, graças a este post relacionado com o Massalo Photography. Fiquei suficientemente surpreendido com o Albatross que decidi saber mais sobre a banda inglesa que o criou. Foi assim que comecei a escutar o novo álbum. Pensava que o Albatross era magnífico, e é, mas depois de ouvir a última música do disco, End Come Too Soon, passei a ter maior respeito pelo uso adequado de certas palavrasm, entre elas 'magnífico'. Estava num comboi de regresso a Nova Iorque quando o som fez se apresentar no meu iPod e aos meus tímpanos em toda sua beleza; durou uns 7:33 e não só é a música mais longa do disco como também a mais linda. Comecei logo a fazer comparações entra esta e outra música do mesmo estilo e igualmente bela, a Your Hand in Mine do grupo Explosions in the Sky. Durante 7:33, enquanto o comboio corria em direção a minha cidade adotiva debaixo do céu negro de Nova Jersei, fiquei praticamente imobilizado pela música, consciente que estava em duas viagens ao mesmo tempo, uma no comboio e outra dentro desta música. End Come Too Soon é assim, pelo menos para mim. É o tipo de música em que parece que os seus autores estão totalmente conscientes que nos tiram do sério, sem o mínimo esforço. Durante aqueles 7:33 a minha viagem foi transformada.

Conexão Lusófona em Debate

A Conexão Lusófona, parceiro "ideológico" do Lounge, promoverá no dia 17 do corrente, em Lisboa, um debate amplo e participativo sobre a lusofonia no contexto mundial, devididos em dois temas pertinentes: O porquê de uma comunidade lusófona e lusofonia: identidade ou utopia? .

Friday, November 11, 2011

Terra e Água, by Electro Côco

Besides Amy Winehouse, Oliver Mtukudzi, Los Cafres, Tiken Jah Fakoly, a bit of Thievery Corporation and a dash of both Manu Chao and Bajofondo Tango Club, most of my week was spent listening to Electro Côco's album Côco do Mundo. I've talked about them here before, and also posted the Buscemi remix of their song 'Terra e Água'. But as is often the case with remixes, the original is better. I love the juxtaposition of the electronic drum n' bass beat with the more organic acoustic guitar and samba rhythm, as well as Vivani Godoy's always pleasant vocal. This song makes for an excellent sundowner.

Terra e Água

Para além da Amy Winehouse, Oliver MtukudziLos CafresTiken Jah Fakoly, um pouco de Thievery Corporation e uma pitade de Manu Chao e Bajofondo Tango Club, passei grande parte da minha semana a ouvir o álbum Côco do Mundo, pelo grupo Electro Côco. Já falei sobre eles neste epaço, bem como postei um remix feito por Buscemi da música que faz o título deste post. Mas como muitas vezes é o caso com remixes, a versão original é melhor. Aprecio a justaposição do drum n' bass electônico com o som mais orgânico feito pela guitarra e o samba, e, claro, a sempre agradável voz da Viviani Godoy. Esta música é perfeita para o fecho de mais um dia.

-Photo by axelvdb

6tacool by Coca o FSM: Amanhã

So good it hardly seems real: Coca o FSM with Marisa & Milton Gulli. Three of my favorite Lusophone artists in a single beat, in a single song. Marisa shines with her tried and tested spoken word, Coca with his soulful vibe, Milton in the chorus. Excellent for Friday afternoons such as this one.

Amanhã

Tão bom que nem parece verdade: Coca o FSM com Marisa & Milton Gulli. Três dos meus cantores lusófonos preferidos, num só beat, numa só canção. A Marisa sempre com o seu 'spoken word' alucinante, Coca sempre com o soulful vibe, Milton no coro. Recomenda-se.

Wednesday, November 9, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: Não sei se vou te amar, by Nástio Mosquito



Nástio no seu melhor. Leia sobre o seu novo álbum aqui.


Nástio at his best. Read about his newest album here.

Sunday, November 6, 2011

Editor's Pick: The Top 11 Songs of the Last Six Months (Vol. 5)

I noticed that so far there are 134 less posts this year than 2010's total. It's been interesting, humorous even, to see the correlation between gainful employment (and living in New York) versus time spent blogging. Gone are the days of lazy lounging and boundless time to listen to and scope new Lusophone music. But, hopefully, the quality of the music on offer here at the Lounge will offset the quantity of posts. As always, the "Editor's Pick" list highlights the best songs that have been posted on the Lounge over the past half-year, and only bonafide Lusophone songs are profiled on these lists; I don't include all the 'not sung in Portuguese' beauties that fill up the Late Nite Lounge Series and the Caipirinha Lounge Jazz Sessions. The Top 11 list serves to highlight the best Lusophone music that the Lounge has posted over the last six-months; of course, that doesn't mean that the songs on this list were released in the last six months, but rather that they were posted here during that period of time.

Perhaps the two most important highlights of the Lusophone music I've listened to and shared with you over the last six months have been the release of the Grasspopper's Lover's Rock Inna Week and the emphatic resurgence of the São Paulo music scene, which saw strong releases over this and the last couple of years by the very talented Thiago Pethit, Tiê, Mariana Aydar, and Tulipa. Their music has been amongst my favorite to listen to recently. They've been immense. As you'll see from the number one spot on this list, so has the Grasspoppers collective in Lisbon; only they know the sort of inspiration that allows them to craft such a work of art in only one week. Other appearances include Seu Jorge with a jam from his Músicas Para Churrasco album, Coca o FSM's best 6tacool series song to date, and a duet by Mayra Andrade and Mariana Aydar. Click play below and have a listen to 11 songs that highlight the vibrant diversity of Lusophone music.

Editor's Pick: The Top 11 Songs of the Last Six Months (Vol. 5)

11. Nomes, rimas e palavras, by MCK

10. Aqui, by Tulipa Ruíz

9. Palavras não faltam, by Mariana Aydar

8. Amiga da Minha Mulher, by Seu Jorge

7. Beleza, by Mariana Aydar ft. Mayra Andrade

6. Brown Skin Guy, by The Grasspoppers

5. Apaixonado Jovem!!!, by Coca o FSM

4. Assinado Eu, by Tiê

3. Olhar Adiante, by Aline Frazão & César Herranz

2. Fuga N°1, by Thiago Pethit

And at number 1:

1. Carta a Uma Cidade Adormecida, by The Grasspoppers

As 11 Melhores Músicas dos Últimos Seis Meses

Reparei que até agora tenho 134 menos posts que o total de posts de 2010. Tem sido interessante, engraçado até, notar a relação entre ter emprego (e viver em Nova Iorque) e o tempo gasto a 'blogar'. Longe estão os dias de relaxar com o umbigo pro ar e com tempo de sobra para escutar e deliciar-me com o melhor da música lusófona. Mas, espero bem que a quantidade de posts neste espaço não ofusque a qualidade da música que pode ouvir aqui. Como sempre, a "Editor's Pick" destaca as melhores músicas que foram postadas aqui no Lounge durante os últimos seis meses, e só entram neta lista músicas que são realmente lusófonas. Feliz ou infelizmente as beldades que se encontram na secção 'not sung in Portuguese', e na maioria das secções Late Nite Lounge Series e Caipirinha Lounge Jazz Sessions não fazem parte desta lista por não serem músicas de artistas lusófonos. Portanto, a Top 11 list serve para destacar a melhor música lusófona que foi postada aqui neste espaço; claro, não quer dizer que todas as músicas nesta lista foram lançadas este ano.

Ao meu ver, os dois grandes destaques na música lusófona que tenho escutado e partilhado convosco nos últimos meses são o lançamento do Lover's Dub Inna Week dos Grasspoppers e o resurgimento fulgrante da música paulistana, que viu nascer obras discográficas de artistas como o Thiago PethitTiêMariana Aydar, e a Tulipa. A minha preferência musical dos últimos tempos tem recaído sobre eles vezes sem conta. Têm sido espectaculares. Como verão na lista acima, o colectivo de personagens que fazem parte dos Grasspoppers não têm sido menos espectaculares; só eles sabem a inspiração que faz com que criem obras de arte como esta numa só semana. Outros integrantes desta lista incluem o Seu Jorge com um dos grandes brindes do seu novo disco, Músicas Para Churrasco, a melhor música até agora da série 6tacool do Coca o FSM, e um dueto da Mayra Andrade e a Mariana Aydar. Carregue no play abaixo e escute 11 músicas que espelham a diversidade, criatividade e vitalidade da música lusófona.

- Photo by Bogus Brazilian

Saturday, November 5, 2011

Os Kiezos ao Vivo em Luanda, dia 10 de Novembro


Friday, November 4, 2011

6tacool by Coca o FSM: Hoje Vou Te Dar

If you speak Portuguese, the lyrics of this song speak for themselves. If you don't, well, I can't exactly translate its racy sexual lyrics at the risk of this site no longer being 'safe for work'. It seems that Coca is in love...enjoy this soulful chilled groove made in Angola.

Hoje vou te dar com força

Como disse acima, para quem fala português e obviamente consegue ler estas poucas palavras, a letra sexual e ofegante deste brinde groovy fala por si. Não vou me dar ao trabalho de a pôr aqui, já que quero que este site continue a ser adequado para visitas durante horas laborais, mesmo se for só de 'caxexe'. E como diz o autor no fim da música, 'essa é para os mais velhos'. Ah, e parece-me que o Coca está apaixonado!

Thursday, November 3, 2011

A Sonoridade da Fotografia: Massalo Photography on Caipirinha Lounge, Vol. 11*

I view Massalo's photostream as a source of inspiration, both visual and aural. The photos are always unique and true works of art, but sometimes the musical selections don't move me the same way; after all, we all have distinct tastes in music. But sometimes he gets it completely right and I sit there fascinated by a particular song or a particular audiovisual combination. It was in his photostream that I 'discovered' the XX and it's there that I found the Wild Beasts. The song Albatross is simply spectacular, from the first to the last of its three minutes and 13 seconds. Incredible. I need more...

Albatross

Visito com alguma frequência o photostream do Massalo para buscar inspiração, não só visual como também musical. Se as fotos são sempre excelentes e verdadeiras obras de arte, nem sempre morro de amores pelas selecções musicais, e nem tinha mesmo que morrer porque afinal temos gostos diversos. Mas de vez em quando fico totalmente fascinado com as suas combinações audiovisuais. Foi lá onde 'descobri' os XX, e foi lá onde acabo de descobrir esta beleza que são os Wild Beasts. A música Albatross  é simplesmente espectacular, desde o primeiro ao último dos seus três minutos e 13 segundos. Incrível. Deixou-me com agua na boca...quero mais. Carrego no play outra vez...


***

*Para saber mais sobre a séria 'A Sonoridade da Fotografia' que conta com a participação do fotógrafo angolano Massalo Araújo, faça click aqui. // To learn more about the Sonoridade da Fotografia series featuring the Angolan Massalo Araújo's photography, click here.


Link to photo on Flickr
Massalo.net
Massalo on Flickr

João Cabral

He picked up his first guitar at age 17 and for the next 14 years honed his craft; in 2009, he released his first album, River of Dreams. Ever since then and even before that, João Cabral has been turning heads (and ears) with his Mozambican brand of afro-jazz, inspired in part by the years he spent living in Cape Town, arguably Africa's jazz capital. It was in the Mother City that he met and played with afro-jazz virtuosos such as his compatriot Moreira Chonguiça, Dino Miranda, and of course, Jimmy Dludlu. River of Dreams is quite accessible, the kind of music that's easy on the ears, and it has a definite Mozambican flavor; it's been very well received in Europe but has yet to receive its deserved recognition in the US, as far as western markets go. As for its reception in Lusophone countries, I wouldn't bet against João Cabral appearing in a jazz festival or two at Cine Atlântico...I'll leave you with Joy of Life and My Kwela, two of the album's standout tracks.

Joy of Life
My Kwela

A primeira vez que segurou uma viola nos seus braços foi aos seus 17 anos, e pelos próximos 14 anos da sua vida aprendeu a dominar o instrumento; em 2009, lançou o seu primeiro álbum, River of Dreams. Desde então e mesmo antes do lançamento da sua obra, o João Cabral tem chamado atenção com o seu afro-jazz de sabor moçambicano, um afro-jazz que foi inspirado também pelos anos que ele viveu na Cidade do Cabo, que muitos chamam como a capital do jazz africano. Foi na Cidade Mãe que ele conheceu e partilhou o mesmo palco que outros virtusos do afro-jazz, incluindo o seu compatriota Moreira  Chonguiça, Dino Miranda, e claro, como não podia deixar de ser, Jimmy Dludlu. River of Dreams é um álbum bastante acessível, de fácil e suave audição, com claras influências musicais moçambicanas; tem sido muito bem recebido lá pelas Europas mas ainda não obteve o mesmo sucesso cá nos States. Também não sei como está sendo recebido em países lusófonos, mas cá por mim, não estranharia ver o João Cabral num festival de jazz, talvez no Cine Atlântico...Fiquem com Joy of Life e My Kwela, duas músicas excelentes do seu álbum.

Wednesday, October 26, 2011

Projecto Zarpante: Gravação do Clipe Um Corpo Só

Eis o projecto em acção! O Penna Firme, perfilado há dias aqui no Lounge, está a procura de financiamento para poder gravar um vídeo para a música Um Corpo Só, que podem ouvir a baixo.




Sobre o Projecto:

"Penna Firme vem através do Zarpante chamar vocês para participarem de seu mais novo evento – a gravação do clipe Um Corpo Só – música em parceria com BNegão, Marcelo Valbon e Rafael Kalil. De um jeito leve e descontraído a música fala das grandes metrópoles e da impessoalidade que vive-se nelas. “Tantas pessoas juntas, mas que quase nunca se comunicam”… diz Penna Firme. “Confuso pelo dia a dia, sem crédito nem regalia, sem flash, nem fotografia, um típico mundo que não sai no jornal” (Um corpo só).

O clipe é mais uma produção independente e faz parte do projeto audiovisual Levando a Vida Assim, que consiste em filmar um clipe para cada música do disco (homônimo). Estamos filmando o segundo clipe e chamamos vocês para se juntar a nós nessa jornada!!! Levando a Vida Assim, pois pra tudo que é parceiro que é amigo, eu dou maior valor!!!! O clipe tem a direção de Rabú Gonzales e conta com o apoio de vocês para se realizar!!" 



Um Corpo Só


Sobre Penna Firme:


Compositor carioca, Penna Firme vem consolidando, nos últimos anos, sua carreira profissional. Parceiro de músicos como Bnegão, Gabriel Moura, Tiago Mocotó, Gabriel Improta, escreve letra, em parceria com grandes melodistas, letra e música, e música instrumental. Compôe para blocos carnavalescos, grupos, cantoras e ainda interpreta suas próprias canções em casas noturnas do Rio de Janeiro. Em seu primeiro disco, Penna Firme apresenta composições de sua autoria e de seus parceiros musicais. Suas letras, sempre muito sonoras e musicais, são inspiradas em temas sociais cotidianos e em situações amorosas. Essas, sempre bem humoradas e com uma certa dose de inocência. Penna firme procura preservar a estrutura de cada gênero musical, porém deixando sempre sua marca. As histórias dessa nova crônica carioca transitam por diferentes estilos: do samba de raiz à gafieira, da pista de dança à canção introspectiva.

Mais detalhes aqui

Monday, October 24, 2011

Conjunto 70 no WOMEX

Conjunto 70 and Samy Ben Redjeb's performance at Elinga this past May was so successful that the team is performing at WOMEX in Copenhagen on Wednesday, October 26 (good work to Luanda's Mano a Mano Produções in putting their money where they're mouth is and carrying through with their promise). Its amazing news for 'música popular angolana' and I'm ecstatic for them. More details to follow:

O concerto do Conjunto 70 e o Samy Ben Redjeb foi um verdadeiro sucesso, e uma das repercurssões deste sucesso é a aparição do Conjunto no WOMEX a decorrer em Copenhagen no dia 26 de Outubro do ano em curso. Ou seja, daqui a dois dias. É caso pra dizer, bom trabalho a equipa da Mano a Mano Produções de Luanda que prometeu e cumpriu. Esta é uma excelente notícia para os amantes da música popular angolana, e faço votos que este concerto seja outro estrondoso sucesso. A saber:



WOMEX Opening

Conjunto Angola 70 (AGO)

Angolan Semba


Wednesday 26. October / Doors at 22:00 / Entrance 100 kr.  - BUY TICKET >>
(Notice: Due to reservations for WOMEX delegates, only a reduced amount of tickets on sale)
_______________________
"A rousing and intriguing compilation ... well worth checking out." - The Guardian
"Stunning ... Glorious music, captured in its prime and re-presented with style." - Evening Standard

Africa in the 1970s was, in more ways than one, a revolutionary hotbed.  Through the euphoria of national independence or the hardship of civil strife, Africans seized the time to re-establish their identity by reinventing their sound - the lifeblood of their tradition.  Extraordinary rhythmic revolutions consumed the continent, culminating into what is without question the enlightened era of African music.  Angola's capital Luanda in particular, was a headquarter for one of the strongest forces propelling the pan-African music movement.
Conjuto_Angola_70_Web_Article_6As the successful fight for independence manifested into a tragic civil war, deeply inspired Angolan musicians produced some of the most sophisticated and beautiful sounds which most of the world has yet to hear.  A powerful confluence of traditional rhythms from Luanda’s islands, psychedelic guitar sounds imported from neighbouring Congo, Latin grooves, old school Caribbean Merengue and the hard beat of the Angolan carnival bands blended to create the rich and emotional modern music of Angola.  Rhythms such as Rebita, Kazukuta, Semba and Merengue, to name just a few, comprise the vast array of Angola's golden age of music - captured and compiled on the largely successful "Angola Soundtrack," Analog Africa's ninth release.
Unfortunately, the sweet sounds of the former Portuguese colony's musical heyday have almost completely disappeared, making only shy appearances during the annual carnival in Luanda. To resurrect the country's formidable vintage music scene and incorporate all that has been lost through the years, an all-star band consisting exclusively of Angola's finest talent from its golden generation of instrumentalists, composers and vocalists has been formed.
In collaboration with Dutch tour organizer RASA and the Goethe-Institute, Samy Ben Redjeb - Analog Africa's founder - and Luanda's Mano a Mano Produções have painstakingly managed to bring together the abundant world-class talent from Angola's turbulent golden music era. The original anchor of the project, Os Bongos' Boto Trindade(composer of "Pachanga Maria" and guitarist on "Kazucuta"), recommended still-active comrades from the 1970s that would suit the aim of authentically recreating the lost sound of Luanda.  With Boto's essential backing, the core of the band took shape: Joãozinho Margado (Percussion/Negoleiros do Ritmo), Teddy N'Singui (Guitarist/Inter-Palanca) - current leader of the national radio band and considered by many as the best lead guitarist in the country, Raúl Tolingas (Dikanza/Conjunto Kissanguela) and Gregorio Mulatu (Lead singer/Aguias Reais).  In addition to these class acts, the rythmic backbone of this troupe will consist of Angolan legends Chico Montenegro (Singer & bongos/Jovens do Prenda),Carlitos Timótio (Bass/Africa Show) and Dulcio Trindade (Rhythm guitar/David Zé's FAPLA Povo).
Conjuto_Angola_70_Web_Article_4
A piece of forgotten history and the treasured repertoires that once serenaded one of Africa's most vibrant and picturesque coastal capitals is set to be reborn across Europe through a group of legendary musicians who, amongst others, spearheaded the revolution of the Angolan sound and have now come together under the name, "Conjunto Angola 70".

Made possible by
Analog_Africa  Ensa  Mano_Logo
SONANGOL  RASA  TAAG_logo

Sara Tavares na Casa 70


Wawuti Covers André Mingas: Livre mas sem asas

By pressing 'play' below you can hear Leonardo Wawuti's moving cover of one of André Minga's best songs, Livre mas sem asas. I'll let the song speak for itself - there's really nothing to say here, besides this: Descanse em paz, André Mingas.

Livre mas sem asas

Carregando no 'play' acima poderão ouvir o cover (e homenagem) do Wawuti de uma das mais belas músicas do André Mingas, Livre mas sem asas. Deixarei a música falar por si - não há muito que escrever aqui, sem ser isto: Descanse em paz, André Mingas


-Photo: veRde (aZul), by Cláudio Lwakuti

Levando a Vida Assim, by Penna Firme

Sunday nights are always a good time for exploring new music. I was in the mood for something relaxed and flowing, and Moça Bonita by Penna Firme fits the bill perfectly. I was introduced to this Brazilian artist by Henrique, the one of the minds behind Zarpante. Penna Firme's samba is light, modern, and urbane; it's very easy to listen and goes down splendidly. The album, Levando a Vida Assim, is Penna's first and is available for free download over on Musicoteca's website. Among the standout tracks, besides the contagious Moça Bonita, are the excellent Sonho Breve and the bright Malandro Sarapa.

Moça Bonita
Sonho Breve
Malandro Sarapa

Domingo à noite é sempre uma boa altura para explorar música nova. Estava com vontade de ouvir algo leve e relaxado, e a música Moça Bonita do Penna Firme é perfeita para a ocasião. Fui introduzido a este cantor pelo Henrique, um dos mentores do projecto Zarpante. O samba de Penna firme é leve, moderno, e urbano; dá gosto ouvir e é de fácil digestão. Tem personalidade. Levando a Vida Assim é o primeiro álbum de Penna Firme e está disponível para download no portal da Musicoteca. Entre as músicas que mais se sobressaem estão a contagiante Moça Bonita, a excelente Sonho Breve e a contente Malandro Sarapa.

Tuesday, October 18, 2011

6tacool by Coca o FSM: Apaixonado Jovem!!!

This song tastes so good after a long day of work. Especially a Monday. It's like aural therapy. When I hear a song that sounds and feels particularly good, I have the tendency to play it on repeat, paying no particular attention to how many times it's been played, thinking nothing of "ruining" the song. In my mind it's never ruined. I don't tire of it. When I'm playing a song on repeat, I know that I'll be listening to this particular song for a long time to come. It's exactly what happened with this Coca track. I put it in the same league as Imagina Só...and that's saying something. Take it in...

Apaixonado Jovem!!!

Esta música sabe bem depois de um dia trabalho, logo segunda feira. Terapia sonora. Quando oiço uma música que me sabe mesmo bem, tenho a tendência de a pôr no repeat vezes sem conta. Não me canso. E quando isso acontece, sei que estou diante de uma música que me marcou e que passará ao leque de músicas que oiço com regularidade. Foi (é) assim com esse brinde do Coca. Ponho-a no mesmo patamar que Imagina Só...e isso é dizer muito. Apreciem-na...

Friday, October 14, 2011

Não te esqueças de ti, by Leonardo Wawuti

I've said it here or somewhere else that I never tire of hearing Leonardo Wawuti's only album, Ltrospectivo. I find myself revisiting often. Like all works of art that we're fond of, it never ceases to appeal to our senses. I liken it to other works of art that I'm partial to, such as Pepetela's 'A Geração da Utopia', or Agualusas 'As Mulheres do Meu Pai', or even several of Erykah Badu's albums. It's art that touches us somehow, it's art that sows something in our subconscious that's difficult extract. 'Não te esquecas de ti' is another jewel in Ltrospectivo's crown. It's another production with a lot of feeling and soul, another dose of substantiated lyrics, another set of well executed rhymes, another example of sound advice well received from a friend. Songs like these on a cloudy or rainy day are always welcome. They facilitate introspection. I can't stop recommending this album to the readers of this blog, and to you that already has it, I have to ask, when's the last time you heard Wawuti?

Não te esqueças de ti

Já disse aqui ou algures que não me canso de ouvir o álbum do Leonardo Wawuti, Ltrospectivo. Dou por mim a revisitá-lo com frequência. Como uma obra de arte única, a sua apreciação nunca para de aliciar os nossos sentidos. Ponho várias obras de arte neste patamar, como o livro 'Geração da Utopia' do Pepetela que releio pelo menos uma vez por ano, ou 'As Mulheres do Meu Pai' do Agualusa, ou ainda alguns álbuns da Erykah Badu. São obras que nos sensibilizam, que semeiam qualquer coisa nos nossos subconscientes que é de díficil de extração. 'Não te esqueças de ti' é mais uma jóia na coroa que é o álbum acima referenciado. Mais uma produção com muito feeling e soul, mais uma letra bem elaborada, mais umas rimas conseguidas, mais uns conselhos que são sempre bem-vindos. Músicas assim num dia nublado e chuvoso vêm mesmo a calhar. Facilitam a introspeção. Recomendo vivavente este álbum aos leitores deste blogue, e aos que já os têm, é caso pra perguntar, qual foi a última vez que ouviste o Wawuti?

-Photo: OrQ.1X/aNo, by Cláudio Lwakuti

Proibido Ouvir Isso: O Regresso do MCK // MCK's Return

This has been a long time in the making. The Lounge has been dormant for some time but these fresh, characteristically brilliant and irreverent MCK tracks shook me from my lack of time/writer's block/lethargy/what have you. If the excuse was lack of time...MCK, I'll make time for you.

It's been 5 years since MCK's last album, 'Nutrição Espiritual'. On 12 December 2011, the man is releasing his newest effort, 'Proibido Ouvir Isso' (translation: 'Listening to this is Prohibited). I still remember the first time I heard MCK - we were staying in my aunt's house in Luanda and my brother Paulo gave me his headphones so I could listen to "this cool new rapper that speaks the truth". At the time, my knowledge of rap consisted of SSP and their "Essa Keta me Mata", but my brother's tastes at that time were already in Black Company territory. Since then, MCK has been my among my favorite lusophone rappers and his voice has always been one of reason, no matter the threats he received, Cherokee's death, boycotts on Angola's radio stations (apparently playing MCK's music is subversive behavior) and the like. Nonetheless, he's stayed true to himself, and these latest efforts are a testament to that. And there's no reason to suspect that he's been out of form, because if his participation on Kid MC's O Porquê da Investida, he's as good as ever.

Below you have two single's that he's dropped in anticipation of his album release. A lot has happened in Angola over the last 5 years, and especially over the last 6 months, and it's evident on MCK's lyrics. '5 Anos de Ausência' chronicles the reasons for his absence and significant political events of the past 5 years, while my favorite, 'Nomes, rimas e palavras', is an intricate wordplay describing the power plays and the behing the scenes realities of Luandan politics. Can't wait for 18/12/2011.

5 Anos de Ausência
Nomes, rimas e palavras

Demorou mas foi. O Lounge tem estado desligado estes últimos dias mas estes novos brindes característicamente brilhantes e irreverentes do mano Kapa acordaram-me da soneca musical e mandaram para longe a minha "falta de tempo". Se a desculpa era falta de tempo, então, MCK, eu faço tempo pra ti.

Já lá vão 5 anos desde o último álbum do MCK, o 'Nutrição Espiritual'. No dia 12 de Dezembro deste ano ele lançará a sua mais recente obra de arte, 'Proíbido Ouvir Isso'. Nos dias de hoje em Angola, este título faz todo o sentido. Ainda me lembro da primeira vez que escutei o MCK: foi na casa da minha tia, em Luanda, e o meu irmão mais velho Paulo foi o 'autor do crime', ao me dar os headphones para eu ouvir 'Topikos pro artigo'. "Ouve esse mambo, esse gajo fala a verdade", disse o meu irmão. Ou pelo menos disse algo nestas linhas. Naquela algura o único "rap" que ouvia era "Essa Keta me Mata" dos SSP e coisas do género; já o meu irmão estava em andanças muito mais avançadas e já ouvia Black Company. Desde a primeira vez que o ouvi que o Kapa acabou comigo. Desde lá, tem sido um dos meus rappers lusófonos preferidos, sempre fiel a si mesmo não obstante as ameaças, a morte do Cherokee, os boicotes nas rádios angolanas, e por aí em diante. Nestas músicas é possível ouvir a sua honestidade intelectual. E nem há porquê pensar que o seu nível como rapper baixou...basta ouvir a parte dele no 'O Porquê da Investida' do Kid MC para perceber que o homem está em forma, melhor que nunca.

Acima estão dois dos singles do novo álbum do Katro. Muito tem acontecido em Angola nos últimos 5 anos (e ainda mais nos últimos seis meses) e as letras dele refletem isso. Não me irei alongar sobre isso, porque as músicas cantam por si. Basta carregar no play no '5 Anos de Ausência' para perceber do que falo. Mas a minha preferida das duas é mesmo 'Nomes, rimas e palavras', onde o Kapa literalmente brinca com os nomes dos nossos 'governantes' como se de uma bola se tratasse. A linha do Capapinha, da Espírito Santo, enfim, o homem é um poeta. E a última dica..."são poucos tipos que eu tiro o boné /  um desses sobreviventes é William Tonet." Mesmo a calhar...
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